BRAIN ROT
IMPACTOS COGNITIVOS E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS
Resumo
O termo brain rot (ou “apodrecimento cerebral”) ganhou destaque nos últimos anos como conceito que descreve os efeitos negativos do consumo excessivo de telas na saúde mental, cognição e interações sociais. Reconhecido como palavra do ano em 2024 pelo dicionário de Oxford, após votação com mais de 37 mil participantes (Heaton, 2024), o conceito reflete a preocupação com a exposição constante a materiais de baixo valor intelectual e seus impactos na estrutura e funcionamento cerebral. Originalmente popularizado nas comunidades online, o brain rot ultrapassou o âmbito digital e alcançou relevância mundial, sendo mencionado, inclusive, pelo Papa Francisco em 2025 como putrefazione cerebrale, em alerta sobre os riscos do uso excessivo das mídias sociais (Pereira et al., 2025). Estudos de neuroimagem indicam que o fenômeno está associado à redução da matéria cinzenta em regiões pré-frontais responsáveis pelo controle de impulsos, tomada de decisão e regulação emocional, além de padrões semelhantes aos observados em dependentes químicos, sugerindo que o consumo compulsivo de conteúdo digital pode gerar efeitos neurológicos comparáveis a outras formas de vício (Al-Mamun et al., 2024). Evidências adicionais apontam comprometimento cognitivo, incluindo dificuldades de atenção sustentada, memória de trabalho e processamento de informações complexas (BRASIL, 2025). O doomscrolling, caracterizado pelo consumo contínuo de notícias alarmantes, sobrecarrega os sistemas atencionais e contribui para fadiga mental (Pereira et al., 2025). No âmbito psicológico, observa-se aumento de ansiedade, depressão, insônia e isolamento social, especialmente entre adolescentes e jovens adultos, com correlações significativas entre tempo de tela e surgimento de sintomas psicopatológicos (Al-Mamun et al., 2024). O brain rot também impacta a linguagem e as interações sociais, promovendo empobrecimento do vocabulário e substituição de conversas presenciais por comunicações digitais fragmentadas. No contexto educacional, manifesta-se na dificuldade de engajamento em tarefas prolongadas e na preferência por conteúdos imediatistas, prejudicando o aprendizado profundo e a reflexão crítica (BRASIL, 2025). O presente estudo utilizou como método uma revisão narrativa da literatura em bases como PubMed, Scielo e Google Acadêmico, com descritores “brain rot”, “dependência tecnológica” e “educação digital”, priorizando publicações de 2020 a 2025 em inglês e português. Foram incluídos artigos revisados por pares, relatórios institucionais, comunicações oficiais e materiais jornalísticos de relevância social. Os resultados apontam estratégias multidisciplinares para mitigar os efeitos do brain rot, como programas de educação digital crítica, definição de limites para tempo de tela, estímulo à leitura e atividades físicas, além de políticas públicas que regulamentem algoritmos viciantes e promovam campanhas de conscientização, como o movimento Janeiro Branco (Pereira et al., 2025). Conclui-se que o brain rot representa um dos maiores desafios contemporâneos para a saúde mental pública, exigindo abordagens integradas entre saúde, educação e tecnologia, bem como estudos longitudinais que aprofundem a compreensão de seus impactos e auxiliem na formulação de estratégias eficazes de enfrentamento.Downloads
Publicado
22-10-2025
Edição
Seção
Resumo Expandido
Licença
Copyright (c) 2025 Evelyn Fernandes, Andrieli Alves, Daniel Mello, Thalia Beraldo, Ana Paolla Protachevicz

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Como Citar
BRAIN ROT: IMPACTOS COGNITIVOS E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS. (2025). Anais Da Jornada Científica Dos Campos Gerais, 23. https://iessa.edu.br/revista/index.php/jornada/article/view/2825