UBERIZAÇÃO

trabalho de plataforma e formação do app-proletariado

Autores

  • Ismael de Mendonça Azevedo Universidade Potiguar
  • Hilderline Universidade Potiguar
  • Ilzamar UFRB

Palavras-chave:

Aplicativos digitais. Empreendedorismo. Proletariado. Relações de trabalho. Uberização.

Resumo

Este estudo tem como escopo geral traçar uma discussão à luz do tipo ideal weberiano com foco no que convencionalmente se chama de uberização do trabalho e, como objetivo específico, visa propor um neologismo para distinguir o tipo ideal. Para atingir tais objetivos, o percurso metodológico se pauta no levantamento bibliográfico, com a análise dos materiais segundo a instrumentalização do tipo ideal weberiano para caracterização dos trabalhadores. As análises e discussões mostram que os indivíduos que atuam nas plataformas apresentam como tipo ideal: a conexão com a plataforma, estão desprovidos de contrato fixo de trabalho, não são empreendedores, não têm salário fixo mínimo, assumem a maior parte ou a totalidade dos custos, investimentos e riscos pela performance, dentre outros aspectos. Como neologismo para esse grupo de trabalhadores foi proposto o termo: app-proletariado. Por fim, define-se que o app-proletariado é uma classe formada por trabalhadores que estão conectados em, pelo menos, um aplicativo digital que funciona como plataforma de intermediação de mão de obra, numa relação de trabalho obscurecida por um ideal de empreendedor de si mesmo.

Biografia do Autor

  • Hilderline , Universidade Potiguar
    Pós-Doc em Direitos Humanos "“ UFPB, Doutora em Ciências Sociais "“ UFRN, Graduação em Serviço social "“ UFRN. Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar.
  • Ilzamar, UFRB
    Doutora em Serviço Social "“ UFRJ, Graduação em Serviço Social "“ UFRN. Professora Adjunta do Curso de Serviço Social "“ UFRB.

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Publicado

30-08-2024

Como Citar

UBERIZAÇÃO: trabalho de plataforma e formação do app-proletariado. (2024). Faculdade Sant’Ana Em Revista, 8(1), p. 183 - 201. https://iessa.edu.br/revista/index.php/fsr/article/view/2344

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